22 de abril de 2012

É em noites como estas....


"É em noites como estas que tudo se torna mais difícil de camuflar. Sinto-me  como um soldado no meio de uma guerra a descoberto, completamente desprotegido e desarmado. Nem a noite cerrada me protege da guerra. Talvez (com toda a certeza aliás) porque a noite não me pode proteger do que se passa dentro de mim.
 O medo dos sentimentos, da saudade, da ilusão, do sofrimento, da solidão. O medo de me deixar abater por tudo o que me tenta devorar diariamente. O medo de me deixar levar pelo cansaço, o medo de desistir ou de não querer simplesmente continuar a percorrer este caminho.
Se tivesse um sótão próprio ia lá acima na esperança de encontrar uma lâmpada mágica cujo génio me pudesse conceder alguns desejos. Não lhe pediria riqueza ou felicidade, porque na minha opinião isso depende de cada um de nós e talvez por isso não faça sentido aquilo que iria desejar.
Apenas (apenas é uma forma pouco justa de descrever) lhe pediria que me levasse para junto de ti, fosse o que fosse de bom ou de mau que me levasse a ir para junto de ti, só aí queria estar. Teria saudades daquilo que deixo cá mas poderia lidar bem com isso. Quatro meses passaram e contínuo sem saber lidar com a tua ausência. Por isto sim, só aí queria estar.
Sacrificaria tudo e todos, perderia a estabilidade que tenho agora no emprego, perderia a companhia da minha família e dos poucos amigos que me restam, mas mesmo assim preferia estar aí. Se o génio não pudesse satisfazer este meu desejo poderia substituí-lo, se bem que não lhe chega aos calcanhares, pelo desejo de sentir menos saudades e dor.
E depois, provavelmente, pediria saúde para os que mais gosto e a concretização do meu sonho. Mas isso já era outro assunto.
Aquilo que estou a escrever é que não sei quanto tempo aguento mais sem te ver. Saber que cá vens sem me avisar, e que não te pude ver, corrói-me um pouco mais. Acredita que já tive ideias loucas como agarrar no dinheiro que tenho e ir-me embora daqui, viver aquilo que quero viver aí ao pé de ti mas, pelo sacrifício de que falei acima, fiquei-me pela grande vontade de usar as minhas férias e juntá-las ao agradável.
Visitar-te daqui a duas semanas é agora uma pequena grande vontade escondida no meu sótão. Mas o medo de que não exista lá génio da lâmpada e de encontrar apenas o vazio faz-me vacilar e ficar apenas por sonhar em ver-te.
Então vejo-te. Vejo-te muitas vezes aqui ao pé de mim como se nunca de cá tivesses saído. Vejo-te nos meus sonhos e, mesmo sabendo que estou a sonhar, usufruo ao máximo. Imagino-me a ter conversas contigo e relembro-me das que já tivemos, das situações que vivemos. Muita “gente” se pergunta: “Como é que ela ainda consegue gostar dele? “
É simples, Mon amour, “ela vai gostar sempre dele”. Independentemente de todos os erros que cometemos (tu mais que eu), eu vou gostar de ti, seja de que maneira for. És como se fosses sangue do meu sangue. "
Setembro, 2011
É em noites como estas que me orgulho daquilo que consegui superar e percebo quão feliz tenho sido nos últimos meses. O texto que escrevi em cima parece-me ter sido escrito por outro alguém que não eu. Conseguiste fazer-me esquecer.
É verdade que aquilo que temos deixou de ser suficiente para mim, mas espero que saibas que só o é porque o que sinto por ti é como uma planta num vaso pequeno, precisa de mais espaço para crescer e se tornar saudável. Eu adoro-te e não sei que mais hei-de fazer para que percebas isso.
Talvez até já tenhas entendido... Nesse caso sou eu que me confundo contigo. Sabes, todos os dias penso no que me disseste.  Sei que não o disseste para me magoar mas foi como um balde de água fria, que todos os dias tento aquecer. Tive medo. Ainda tenho.
Tenho medo de que isto tudo não passe de um momento, tenho medo de ter cometido o erro de confiar novamente em vão. Desejo com todo o meu coração que assim não seja porque gosto realmente de ti e detestava perder-te. És impecável. Já não se fazem muitos como tu. És teimoso, orgulho e etc mas eu adoro-te tal como és e não quero que mudes. Nunca.
Mudaste tanta coisa em mim....Sinto-me como um pedaço de gelo que derreteu. Há séculos que não confiava em ninguém como confio em ti. Fizeste-me voltar a sentir, a dizer o que sinto, a sonhar, fizeste-me voltar a sorrir.



Izan, O Segredo do Anjo Negro

Capítulo 8- continuação

Estava deliciada com o meu David. Apesar de me parecer bastante esgotado tinha tido energia para aguentar o resto da noite junto de mim. Regressamos de novo à cozinha, depois de um longo banho, e reaquecemos o jantar que eu tinha preparado.
Lembrei-me da sua promessa e não resisti a perguntar-lhe.
-Fica descansada. Já marquei uma consulta para breve- respondeu-me de imediato, como se esperasse que a qualquer momento lhe fizesse a pergunta.
-Ainda bem querido.
Lembrei-me da notícia que tinha para lhe dar, que guardara prepositadamente para o fim.
-David, tenho... Tenho algo para te dizer.
David levantou os olhos do prato que ensaboara e fixou-me.
-Falei com o Jarod hoje. Como sabes saí de Portland sem de facto resolver o que quer que fosse. Preciso de lá voltar. Decidir o que vou fazer com a casa, com o carro.
-Querida, podemos resolver isso daqui. A casa pode ser vendida, bem como o carro.
            -Eu gosto daquele carro.
-Nesse caso posso pedir que o vão buscar.
Seria possível que David estivesse a evitar que eu viajasse até Portland?
-Querido, eu tenho de fazer contas com Jarod. Embora contrariada, ele insistiu. E gostava de me despedir dos meus amigos, da cidade.
-Muito bem. Então no fim-de-semana viajamos até Portland.
-Viajamos?
-Sim, claro. Eu vou contigo- esclareceu.
-David não sei qual é o teu receio.- Tinha de haver uma explicação plausível. Ele nunca fizera questão de me acompanhar onde quer que fosse.
-Como?
-Parece-me que tens medo de que eu volte lá- coloquei as cartas sobre a mesa.
-Claro que não, Elizabeth. Gostaria apenas de te acompanhar, é claro.
-Está bem. Mas eu tenho de lá ir durante a semana, e tu tens o teu trabalho.
-De facto, não me dava muito jeito. Mas posso tentar arranjar um tempinho. Isto se quiseres que vá contigo.
-Claro.
-Muito bem. Vou tratar disso então.
Terminamos de lavar a nossa loiça e corremos, literalmente, para a cama. David adormeceu mal se deitou. Eu não tinha grande sono por isso decidi voltar a um velho hábito: a leitura.
Nunca tinha lido nada do género. Vampiros. Algo em que eu nunca acreditara, algo que nunca me atraíra minimamente. Pura fantasia. Depois de ter conhecido Ethan, embora pudesse ter sido tudo fruto da minha imaginação,  talvez devesse ter uma mente mais aberta.Dei por mim completamente envolvida.
Izan, O Segredo do Anjo Negro
Aqui vai a primeira parte do 8º capítulo:

"
David voltou a casa com um problema a menos. Felizmente o pai revelara-lhe que, tal como os humanos, os lobos também tinham um médico especializado na espécie. O que significava que, através desse mesmo médico, poderia fazer os exames.
Segundo lhe parecia tal poderia não ser possível. De qualquer modo, juntamente com Dammario Howard, arranjaria uma solução, mesmo que tivesse de arranjar uma falsificação qualquer que provasse a Elizabeth que estava tudo bem.
Então era isso, sem se dar conta, decidira que ia continuar a omitir-lhe a sua verdadeira espécie.
Encontrou-a na cozinha a preparar algo que cheirava bastante bem. Ao que parecia, Elizabeth não tinha dado pelo sua presença, uma vez que, nos seus ouvidos algo preto se fazia sobressair. Tecnologia, pensou David.
-Beth?
Ela continuava sem o ouvir, dançando ao ritmo do que parecia ser um Jazz. David aproximou-se para lhe beijar a cavidade do pescoço e Beth soltou um ligeiro grito antes de se virar para o ver.
-Olá, querido. Não vi que estavas aí.
David revirou os olhos e fê-la sorrir.
-Olá, meu amor.
-Então como correu o teu dia?- perguntou Elizabeth.
-Muito bem. Conseguimos fechar aquele negócio importante de que te falei e conseguimos também entregar a grande encomenda a tempo- David sorriu-lhe, com ar cansado.
-Isso são óptimas notícias! Parece que hoje temos vários motivos de comemoração.
-Algo que me queiras contar?- David enrugara a testa, curioso.
-Há sim. Finalmente consegui uma vaga! Vou começar a trabalhar na próxima semana.
-Que bom, querida.
David não ficava propriamente contente com o facto de saber que Beth teria menos tempo e passaria o dia todo fora de casa mas não se considerava machista e, por isso, não iria interferir na escolha da sua mulher. Talvez fosse bom o facto de Beth se distrair.
-Não me pareces muito feliz, querido.
-Impressão tua, cherie. Estou apenas cansado. Foi um longo dia.
-Hum, claro. É pena. Pensei que pudessemos comemorar as novidades. Prolongar a nossa noite.- Beth sorria-lhe carinhosamente e piscava-lhe o olho, passando-lhe a mão sobre o braço.
David soube de imediato a que se referia e não se negou a esse tipo de comemoração. Queria apoveitar todos os momentos que tinha com ela, como se fossem o último. Um dia, se algo não corresse bem, um desses momentos poderia mesmo ser o último. Puxou-a para si e levou-a nos braços, e voltou a amá-la como fizera no dia do seu regresso a Paris.
"

Boa leitura!!!