"É em noites como estas que tudo se torna mais difícil de
camuflar. Sinto-me como um soldado no
meio de uma guerra a descoberto, completamente desprotegido e desarmado. Nem a
noite cerrada me protege da guerra. Talvez (com toda a certeza aliás) porque a
noite não me pode proteger do que se passa dentro de mim.
O medo dos
sentimentos, da saudade, da ilusão, do sofrimento, da solidão. O medo de me
deixar abater por tudo o que me tenta devorar diariamente. O medo de me deixar
levar pelo cansaço, o medo de desistir ou de não querer simplesmente continuar
a percorrer este caminho.
Se tivesse um sótão próprio ia lá acima na esperança de
encontrar uma lâmpada mágica cujo génio me pudesse conceder alguns desejos. Não
lhe pediria riqueza ou felicidade, porque na minha opinião isso depende de cada
um de nós e talvez por isso não faça sentido aquilo que iria desejar.
Apenas (apenas é uma forma pouco justa de descrever) lhe
pediria que me levasse para junto de ti, fosse o que fosse de bom ou de mau que
me levasse a ir para junto de ti, só aí queria estar. Teria saudades daquilo
que deixo cá mas poderia lidar bem com isso. Quatro meses passaram e contínuo
sem saber lidar com a tua ausência. Por isto sim, só aí queria estar.
Sacrificaria tudo e todos, perderia a estabilidade que tenho
agora no emprego, perderia a companhia da minha família e dos poucos amigos que
me restam, mas mesmo assim preferia estar aí. Se o génio não pudesse satisfazer
este meu desejo poderia substituí-lo, se bem que não lhe chega aos calcanhares,
pelo desejo de sentir menos saudades e dor.
E depois, provavelmente, pediria saúde para os que mais
gosto e a concretização do meu sonho. Mas isso já era outro assunto.
Aquilo que estou a escrever é que não sei quanto tempo
aguento mais sem te ver. Saber que cá vens sem me avisar, e que não te pude
ver, corrói-me um pouco mais. Acredita que já tive ideias loucas como agarrar
no dinheiro que tenho e ir-me embora daqui, viver aquilo que quero viver aí ao
pé de ti mas, pelo sacrifício de que falei acima, fiquei-me pela grande vontade
de usar as minhas férias e juntá-las ao agradável.
Visitar-te daqui a duas semanas é agora uma pequena grande
vontade escondida no meu sótão. Mas o medo de que não exista lá génio da
lâmpada e de encontrar apenas o vazio faz-me vacilar e ficar apenas por sonhar
em ver-te.
Então vejo-te. Vejo-te muitas vezes aqui ao pé de mim como
se nunca de cá tivesses saído. Vejo-te nos meus sonhos e, mesmo sabendo que
estou a sonhar, usufruo ao máximo. Imagino-me a ter conversas contigo e
relembro-me das que já tivemos, das situações que vivemos. Muita “gente” se
pergunta: “Como é que ela ainda consegue gostar dele? “
É simples, Mon amour, “ela vai gostar sempre dele”.
Independentemente de todos os erros que cometemos (tu mais que eu), eu vou
gostar de ti, seja de que maneira for. És como se fosses sangue do meu sangue. "
Setembro, 2011
É em noites como estas que me orgulho daquilo que consegui superar e percebo quão feliz tenho sido nos últimos meses.
O texto que escrevi em cima parece-me ter sido escrito por outro alguém que não eu. Conseguiste fazer-me esquecer.
É verdade que aquilo que temos deixou de ser suficiente para mim, mas espero que saibas que só o é porque o que sinto por ti é como uma planta num vaso pequeno, precisa de mais espaço para crescer e se tornar saudável. Eu adoro-te e não sei que mais hei-de fazer para que percebas isso.
Talvez até já tenhas entendido... Nesse caso sou eu que me confundo contigo. Sabes, todos os dias penso no que me disseste. Sei que não o disseste para me magoar mas foi como um balde de água fria, que todos os dias tento aquecer. Tive medo. Ainda tenho.
Tenho medo de que isto tudo não passe de um momento, tenho medo de ter cometido o erro de confiar novamente em vão. Desejo com todo o meu coração que assim não seja porque gosto realmente de ti e detestava perder-te. És impecável. Já não se fazem muitos como tu. És teimoso, orgulho e etc mas eu adoro-te tal como és e não quero que mudes. Nunca.
Mudaste tanta coisa em mim....Sinto-me como um pedaço de gelo que derreteu. Há séculos que não confiava em ninguém como confio em ti. Fizeste-me voltar a sentir, a dizer o que sinto, a sonhar, fizeste-me voltar a sorrir.
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