Capítulo 1
"Acordei alarmada com o estrondo que me tinha retirado do meu pesadelo. O que era aquilo? Havia alguma coisa ali. Ainda meia confusa pisquei os olhos três vezes sem efeito, uma vez que a dita coisa estava no mesmo sítio, e acendi a luz do candeeiro azul. Um bicho enorme com asas sentado no chão de joelhos olhava-me de olhos arregalados.
Estou a sonhar. Apaguei a luz cansada e encostei a cabeça na almofada à espera de voltar a dormir tranquilamente. Tal não aconteceu. Abri os olhos de novo e consegui ainda ver a figura no meio do quarto. Mas que raio? Não estava a sonhar!
Gritei o mais alto que pude, em vão. Naquela cidade os vizinhos não eram do tipo de se meter na vida dos outros como acontecia nas pequenas vilas. Pelo contrário, ali ninguém ligava a ninguém, por isso, se me tivessem ouvido teriam pensado que eu tinha tido um pesadelo ou que vira um rato e continuaram a sua noite descansada.
A tremer da cabeça aos pés, arranjei coragem e estiquei a mão na direcção do candeeiro. Acendi-o. Abri os olhos petrificada e vi que Aquilo continuava no mesmo sítio sem se mexer. Estava a chorar.
Ok, estava definitivamente a ter alucinações. Seria possivel Aquilo com aquele tamanho e força tal, que tinha subido cinco andares como uma aranha e ainda me partira a janela com toda a força, estar a chorar?
Esfreguei os olhos com as mãos e aproximei-me para o ver melhor. Apercebendo-se que o olhava, retribuiu-me. O que vi nos seus olhos assustou-me de tal maneira que me encolhi e recuei.
Lá fora, o silêncio nocturno foi interrompido pelo som estridente de uma sirene. Policia! Ele estava a fugir à policia. Tive vontade de saltar da cama e correr para a janela para gritar: ele está aqui! Não o fiz. Em vez disso, corri na direcção da raqueta de ténis e voltei para lhe dar com ela na cabeça.
Imaginei-me a fazê-lo e um arrepio percorreu-me o corpo ao pensar que ele poderia nem sentir dor, ter consciencia da minha insignificante vida e decidir partir-me o pescoço com uma só mão.
Foi então que ele falou:
- Meu amor! Como fui fraco!
Aquilo fala! Completamente estupefacta, vi a raqueta no chão e só depois me apercebi que a deixara cair. Ele virou a cabeça na minha direcção e levantou-se.
Convencida de que acabara de marcar a minha morte tentei recuperar o instrumento para me defender. No entanto, numa fracção de segundo ele deslocara-se até ela e tinha-a agarrado, colocando-se de frente para mim. A sua respiração ofegante e a raiva que apesar do escuro consegui ver nos seus olhos, fizeram disparar a minha adrenalina, que agora corria liberalmente dentro de mim.
Quase jurei ter visto culpa no seu olhar antes de colocar a raqueta na minha direcção. Fechei os olhos e esperei pela pancada que me iria levar desta para melhor. Senti que esperava há demasiado tempo e nada. Ele não me matou.
Voltei a abri-los no momento em que ele me tocou na mão e disse:
- Mata-me! Peço-te, por tudo o que é mais sagrado mata-me!"
Nota pessoal: E aqui está a primeira parte do capítulo 1, escrito há cerca de um ano (Abril de 2011)... Um pouco dramática e tal, no entanto gosto de começar como deve ser e se a história não nos prende logo no início, quando prenderá? É um orgulho de facto ler isto depois de tantos meses de dedicação a esta história, mesmo com todas as dificuldades que se colocaram no meio. Este "livro" foi o meu escape num momento bastante difícil da minha vida, o qual ultrapassei e faz agora parte do meu passado. Boa leitura!
Nota pessoal: E aqui está a primeira parte do capítulo 1, escrito há cerca de um ano (Abril de 2011)... Um pouco dramática e tal, no entanto gosto de começar como deve ser e se a história não nos prende logo no início, quando prenderá? É um orgulho de facto ler isto depois de tantos meses de dedicação a esta história, mesmo com todas as dificuldades que se colocaram no meio. Este "livro" foi o meu escape num momento bastante difícil da minha vida, o qual ultrapassei e faz agora parte do meu passado. Boa leitura!
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